19/03 - A construção social da criança: O que isso significa?

Na nossa sociedade cristã ocidental, a criança, como construção social, é entendida enquanto uma construção social sobre um período da vida humana que informa as experiências históricas de ser criança. Se a infância é determinada por um período, se modifica e atende anseios da sociedade, o ser criança também. Vê-se, então, portanto, que não existe um único conceito fechado acerca do que é ser criança. Ele varia nas épocas, culturas e condições sociais e econômicas.
Sendo que um conceito é fruto de uma negociação social, cada sociedade, por meio das suas práticas e elementos culturais, sinaliza o que é a criança.
O sentimento de infância, o olhar para a criança como possuidora de especificidades, surgiu no final da Idade Média. Pode-se imaginar que isso não tenha ocorrido antes por conta da grande taxa de mortalidade das crianças pequenas e da simplicidade da organização social baseada grandemente na vida rural e na produção dos meios de subsistência.
Com os avanços tecnológicos, o advento da tipografia e o surgimento do telégrafo marcaram mudanças nas concepções de criança. Ela passou a ser vista como um ser de falta que deveria ser preparada para a vida adulta, agora letrada e necessitando de maiores habilidades. Da paparicação à moralização e racionalidade, a criança foi submetida à educação padronizadora. Até hoje essas concepções aparecem.
A psicologia entende o desenvolvimento humano como um processo de construção. Diferentes estudiosos formularam suas concepções baseadas em visões naturalistas, inatistas e interacionistas.
No meio acadêmico, os pensamentos de Vigotski acerca do pensamento e da subjetividade como fruto cultural está em voga. Entender o outro (LAROSSA) e estabelecer uma relação dialética com essa criança que tem muito a falar sobre si mesma, mostra-se imperativo nesse momento de mudança no conceito de criança, que é por natureza mutável historicamente.